sexta-feira, julho 16

a avenida chegou ao fim

um dia destes fizemos um ano de blogosfera. um ano discreto e caseiro. com muitas palavras e silêncios à mistura. foi no dia 12, mais precisamente.
 
e agora, a avenida chegou ao fim. perguntam porquê. a resposta é simples. decidimos mudarmo-nos para outras paragens. estaremos agora à beira do rio, homenageando uma vez mais ruy belo. por isso visitem-nos. estaremos na margem da alegria . esperamos por vocês. para olhar o rio. ou a vida.

terça-feira, julho 13

da esperança

apenas ouvi uma vez maria de lurdes pintasilgo. foi em barcelona, no encontro europeu de taizé. nessa tarde escutei com atenção a sua mensagem de uma profunda esperança para com o mundo. porque nestas coisas a clivagem é simples: ou se acredita ou não. e ela acreditava e eu também passei a acreditar. e é por isso que nesta hora de luto eu lhe devo estas palavras. obrigado.

um velho e um jovem

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claro que ficam muitas coisas por explicar neste filme. mas não pode ser essa uma das virtudes da vida? imersos na beleza, respeito e sacralidade do exterior do mundo, um velho e um jovem atravessam as estações do ano e da vida. a mensagem é simples: tudo se renova. não há a noção de decadência (e como ela hoje está presente no nosso país...) nem de fim, mas de uma continuidade dos gestos. do devir. do silêncio.

quinta-feira, julho 8

jangada

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finge-se que a cama é uma jangada e depois a morte chega. esperada e celebrada com uma vida. e depois.

a própria vida é uma jangada de cujo rumo desconfiamos. como esta avenida. e o amor. e tudo, afinal.

sábado, julho 3

poeshia



recordo nestas horas as tardes que passei nos bancos do recreio da escola a descobrir as palavras da sophia. a amar através delas. a sentir sussurrando-as à minha namorada. nesse amor que era simples e puro como só talvez a sua poesia e a de eugénio sabem ser. e agora que partiste leio-te mais uma vez:

"se alguém passa agora nos areais,
se alguém passa agora nos pinhais,
diz,
em gestos plenos e naturais,
tudo o que eu, tão em vão, perdidamente quis."

(dia do mar)

sexta-feira, julho 2

blá, blá, blá da fartura

isto é assim, é assado. estou farto. eu sei que devia mudar. eu sei que tenho de mudar. eu sei. eu sei tudo isso.

mas alguém me consegue explicar o que significa mudar se sou eu que mudo sendo eu que não sabe como me mudo?

terça-feira, junho 29

na américa

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está é a loucura dos homens. a vertigem da vida. uma série sublime que ninguém devia perder. uma lição de vida.

segunda-feira, junho 28

dois tolos e um país perdido

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eu não quero santana em s. bento.

quarta-feira, junho 23

para quando duas palavras


este é o diálogo do frio. a prova como a música nasceu no coração dos homens. em ilhas distantes. longe de tudo o que interessa.

ilusão

parece que te vejo. digo-te. pergunto se eras tu e aproveito para perguntar como estás. dizes que estás bem mas que não eras tu. estou definitivamente com alucinações. ou iludido por uma presença que nunca passou afinal de uma ausência. tão certa como o nosso amor nunca ter existido.

evasão

olho para as árvores e penso. como posso crescer sem raízes? como posso olhar para o céu e florescer? como posso ser árvore sem ter sido arbusto?

segunda-feira, junho 21

desta vez foi

a era virtual é isto. foi nisto que nos tornou. náufragos. dependentes das máquinas. decepcionados pela perda das palavras escritas no papel ou na pedra. desta vez foi assim. perdi-te em segundos. não sei o que fazer. desculpa. distraí-me. apaguei-te em segundos. até quando a memória te guardará?

como vou recordar a última vez que te vi?

sexta-feira, junho 18

tens medo?

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io non ho paura é um filme fabuloso sobre a infância. sobre como as coisas importantes se aprendem e descobrem na infância. mesmo a amizade ou o sacrifício mais profundo.

ou como o mundo das crianças não cabe numa aldeia sem valores.

quinta-feira, junho 17

do futebol

é esta a euforia da pimenta e do ouro. a celebração inócua. a festa de um mundo por construir. o aniversário de algo que ainda não nasceu.

é este o nosso fado. cantar antes da vitória.

terça-feira, junho 15

aforismo

a poesia mais bela ecoa no silêncio dos corações. dispensa as palavras. sussurra na noite.

segunda-feira, junho 14

uma incessante questão

se está calor lá fora porque faz frio cá dentro?

segunda-feira, junho 7

presença

tudo são pequenas despedidas. perdas onde se edificam as palavras. local de nascimento da ausência.

rotina

adoro criar rotinas. para depois as quebrar. com requinte. desprezando o fado do tempo e dos gestos.

quinta-feira, junho 3

amigo

foram muitos os dias que nos fizeram
dias longos de longas conversas
um pouco por todo esse espaço
onde ousámos coexistir
e plantar essa flor tão fragilmente
perene

conheço-te tão bem que às vezes
me pareces um estranho que
também quer partilhar as dúvidas
incómodas que vagueiam na
minha rua que lentamente morre
com a tarde

sabes acho que chorei muitas vezes
por não ter um irmão

mas foram muitas as palavras que nos
uniram continuamente
como uma linguagem que se reinventa
ao sabor de rios que correm lá
longe
muitos os sonhos que deixámos
voar por entre gestos
difíceis magoados

foram muitas as horas que vimos
correr sem pressa no vagar precioso
dos melhores anos da vida
olhados agora com a nostalgia ridícula
de quem se sente subitamente triste
ou demasiado inconformado
com uma ou outra desilusão

mas não sabes quantas vezes chorei
por não conseguir ser melhor amigo

e foram tantos os minutos em que desejei
que estivesses por perto e não me deixasses
morrer que hoje apenas te posso pedir que
quando esse dia chegar que sejas ainda como sempre
o meu melhor amigo

e que a vida nos tenha feito irmãos

quarta-feira, junho 2

nada pode ser destruído



o amor é uma construção imperfeita. como a vida e o destino. tão perene como o mar que engole a terra.

sexta-feira, maio 28

por onde vais?



mala educación de pedro almodóvar não consegue fazer esquecer, de forma nenhuma, tudo sobre a minha mãe e fala com ela. desilude mesmo. o que não desmente a genialidade de almodóvar em sobrepôr planos e histórias. de criar imagens de paixões caóticas. mas em mala educación falta uma mulher. onde estão as mulheres? ninguém as conhece tão bem. ninguém as filma de forma tão sublime. por onde vais?

quinta-feira, maio 27

dialética

"é claro que a vida é boa
e a alegria, a única indizível emoção
é claro que te acho linda
em ti bendigo o amor das coisas simples
é claro que te amo
e tenho tudo para ser feliz
mas acontece que eu sou triste..."

vinicius de moraes

quarta-feira, maio 26

primavera

oiço elephunk dos black eyed peas. e não há melhor música para preparar o verão. adolescência e suburbanidade no seu melhor.

tudo é realmente belo



não gosto de não ter palavras. mas não tenho. e é esta a melhor juventude. a que sabe escutar o que o silêncio diz.

sexta-feira, maio 21

declaração de amor

estou feliz. e amo-te. cada vez mais. apesar de não estares aqui e não te poder contar como é bom sorrir depois de uma longa caminhada. de ver os outros sorrirem à minha volta. depois de a chuva parar.

sabes porque te amo? porque tu me melhoraste. só por ter um dia ouvido a tua voz. por ter bebido nos teus lábios uma outra vida. por ter conhecido a tua alegria. por eu saber que existes em mim. no mais fundo da minha solidão.

quinta-feira, maio 20

tenho saudades do que não fui

imagino outras vidas. outras formas de ser. no fundo, sonho, como se a vida fosse um jogo de estratégia, de opções repentinas, em que não é possível guardar e voltar um pouco atrás quando perdemos todas as energias. depois dá nisto. tenho saudades do que não fui, do que não fiz. e tudo se confunde. o sonho e a vida.

terça-feira, maio 18

o amor



no deserto somos reduzidos à nossa condição. regressamos ao essencial. ao primordial da vida. não era preciso uma história japonesa de amor para o ensinar. mas é também na lembrança que as coisas vivem.

e o amor prossegue.

domingo, maio 16

o milagre



é quase um milagre ver um filme português a assumir a qualidade da nossa literatura. e a dar-lhe vida em imagens. vivificando a palavra. como tinha acontecido com o delfim de cardoso pires e fernando lopes.

miguéis é um escritor esquecido e não é este filme apenas que o vai trazer à luz do dia. mas pode ajudar os mais distraídos.

sábado, maio 15

a cadência dos dias

o sentido da vida vai-se diluindo. multiplica-se em mil fragmentos que custa muito reunir. uma música calma que tranquiliza o coração. uma árvore em flor. um sorriso inesperado.
a contemplação da tarde. a loucura da noite. a cadência dos dias.

sexta-feira, maio 14

o primeiro dia

ouço lá fora o verão. a água e o sol a chamar. e os pássaros que sobrevoam os campos da minha infância. o cheiro das ervas secas. a liberdade. a partida. a dificuldade do adeus.

hoje é o primeiro dia do verão.

e o dia chegar depressa

deixa a noite partir

ao som de josh rouse e de uma ténue recordação de um sorriso.

quinta-feira, maio 13

do diferendo

não, tiago, não concordo contigo. eu acredito no diálogo ecuménico. porque o vi na prática. incompleto, inacabado mas a funcionar. sem perfeição de qualquer espécie, como nós. mas a silenciar as desavenças dos que se dizem cristãos. estás convidado, no final de 2004, a seres testemunha dessa alegria.

mudanças

esta é a nova avenida. a antiga podem visitá-la aqui.

quando vimos este novo template não fomos capazes de resistir. talvez fosse um apelo do mar. ou apenas a certeza de que tudo se renova um dia.

afinal, esta avenida tem quase um ano e, inesperadamente, 5 mil visitas. obrigado.